Falar de liderança é abordar um conceito amplo, sendo um percurso individual e único.
Ao refletirmos acerca do nosso trajeto profissional, podemos concluir que desempenhar cargos de liderança, nem sempre é algo planeado. Poderá ser o resultado de uma série de eventos profissionais, que foram influenciados por pessoas chave, por valores pessoais e profissionais consistentes.
Acredito no valor de refletirmos, sobre as influencias que ajudaram a moldar o nosso caminho, quer trilhemos ou não a liderança, porque nos leva a entender onde estão os marcos primordiais que contribuíram para as nossas escolhas. São, pois, as nossas referências.
Constituem-se como referencias porque tem a disponibilidade e a visão, necessárias para cooperar no nosso desenvolvimento pessoal e profissional, quer pelo exemplo, quer pela orientação formal.
Desenvolver-se e capacitar os outros é importante para uma liderança que produza efeitos sustentados a médio e longo prazo. Acredito que bons lideres são aqueles que mantem uma "escada firme" para que todos tenham a oportunidade de a poder subir.
Sem dúvida que é essencial liderar bem, mas não menos importante é o facto de o líder ter de liderar a si próprio. Não parece óbvio, mas muitos de nós tem tantas inquietações e inseguranças pessoais que impedem o exercício da liderança com habilidade. É por essa razão que o líder precisa desenvolver uma visão sobre si próprio, tornar-se apto a descobrir quem está apenas a reagir às suas ações, quais das suas atitudes estão a causar hostilidade, rivalidade, cobranças e incluir os que estão em seu redor.
Acredito que os líderes que obtêm sucesso, são aqueles que criam equipas mais fortes, como no desporto onde se torna visível, a forma como um treinador consegue liderar os seus atletas, fazendo sobressair o melhor de cada um e vencer.
Durante muito tempo, quando se falava em liderança, pensava-se numa relação de superioridade entre líder e subordinados.
Hoje, são necessários profissionais capazes de superar os desafios que surgem diariamente. Estes querem trabalhar numa instituição ou serviço que lhes dê a oportunidade de por em prática o seu potencial.
Alguns autores enunciam três funções do novo líder: explorar, alinhar e dar autonomia. Explorar é o "caminho estratégico", a visão atenta das oportunidades e ameaças nos mares revoltos da gestão. Alinhar significa organizar e orquestrar a estrutura e as pessoas para o mesmo "Norte". Dar autonomia significa libertar a criatividade, a habilidade, a inteligência e o talento, quase sempre adormecidos nas pessoas.
Em suma, liderança significa o desenvolvimento de estratégias para tornar realidade a visão do futuro, gerindo as crises ao longo do caminho. Trata-se também de vencer batalhas políticas para garantir que na organização, todos estão a mobilizar as suas energias para concretizar as mesmas metas e os mesmos objetivos - um processo a que se chama "alinhamento emocional". O desafio consiste em saber como mobilizar os corações e mentes dos colaboradores para permitir que o processo ocorra eficazmente.
Por fim, há um aspeto fundamental que um líder deve observar sempre, o reconhecimento e a gratidão a quem faz parte da sua equipa, uma vez que estes tiveram a capacidade de evoluir para fazer acontecer os projetos. É sempre por intermédio destas pessoas que faremos as coisas e não sozinhos.
João Enes
Mestre em Gestão Pública