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sábado, 6 de fevereiro de 2021

"O estado do desemprego nos Açores", por Tiago Ormonde

A verdade é que a crise pandémica veio debilitar a capacidade do tecido empresarial em segurar os seus postos de trabalho. Nos Açores, o mercado de trabalho caracteriza-se sobretudo por estar dedicado ao setor dos serviços, como a restauração e a hotelaria, bem como a construção civil e as atividades de comércio de bens e serviços. Em 2019, mais de 70% da população ativa açoriana estava empregada nestes setores, os mesmos que agora, com a pandemia, foram os mais afetados.

Em dezembro de 2020, a taxa de desemprego nos Açores era de cerca de 6%, o que representa cerca de 7.000 inscritos nas agências de emprego. Destes, mais de dois terços são de S. Miguel e 20% da Terceira, sendo que do total, mais de 70% vieram do setor dos serviços. O número de escritos é praticamente igual ao de dezembro de 2019 (ainda antes do confinamento) e nos últimos 4 meses de 2020 a taxa de desemprego registava uma tendência de descida. Não deixam de ser boas notícias, ainda queseja uma análise muito prematura perante uma grande incógnita que é a evolução da economia nos próximos meses.

Certamente que estes números terão sido impulsionados pelas medidas de manutenção do emprego assumidas em 2020,ainda durante o confinamento de março. Com impacto direto no rendimento das famílias,a Região assumiu uma resposta célere e imediata de proteção do emprego, com apoios financeiros diretos às empresas como contrapartida de manterem os mesmos níveis de emprego, e sob as mais variadas formas, desde as contribuições para segurança social, pagamento dos vencimentos dos trabalhadores em layoff, complemento financeiro de medidas nacionais, entre outras.

Para 2021, a tendência natural será para o desemprego disparar. A crise é global, será assim em todas economias e o grande desafio está, em primeiro lugar, controlar a pandemia, estancar a escalada do desemprego, proteger o rendimento das famílias e inverter a curvapara o crescimento do Produto Interno Bruto. São necessárias e prementes medidas especiais de proteção do emprego e com resultados imediatos. Independentemente da tipologia, o importante é a aplicação de incentivos que coloquem dinheiro nas empresas, a fundo perdido, em contrapartida da manutenção do emprego. O centro das preocupações de quem tem o dever de combater os efeitos nefastos desta crise pandémica na economia regional deverá ser, impreterivelmente, o de defender o rendimento e, assim, a dignidade humana. A alternativa será a aplicação de medidas de proteção social, mais dispendiosas e com todos os custos económico-sociais daí resultantes.

Tiago Ormonde, Economista

ormonde.tiago@gmail.com