Com o início de um novo ano, sobretudo em contexto de crise
pós-pandémica, é normal estabelecer-se objetivos de procura de trabalho, quer
seja para melhorar a atual condição financeira, quer seja para sair de um
contrato precário, ou mesmo do desemprego. Algumas organizações mantêm uma
bolsa de candidatos espontâneos, à qual recorrem quando necessitam de preencher
vagas. Esta filosofia difere de empresa para empresa, visto que se obtêm perfis
demasiado díspares — há melhores garantias de atrair perfis adequados com um
anúncio. No entanto, se o empregador não anuncia, os candidatos podem e devem
socorrer-se da candidatura espontânea.
Para o candidato espontâneo, o mais importante será estudar
o empregador. Perceber qual a sua política de trabalho, de que forma recruta e
em que alturas do ano, se existem vagas abertas ou quando foi a última, e quais
os critérios de seleção normalmente utilizados. Visitar o site e as redes
sociais, ou abordar pessoas que lá trabalhem, são algumas das formas de o
fazer, mas convém escolher criteriosamente os canais de comunicação — telefonar
com insistência ou enviar mensagens invasivas são comportamentos que não
favorecem nenhum candidato. Por exemplo, se a empresa tiver um formulário de
candidaturas espontâneas no seu site, os candidatos devem optar por utilizá-lo,
em vez de enviar o currículo por email.
Porém, se for exigido enviar a candidatura por email, há que
ter alguns cuidados. Por exemplo, pelo menos algum teor da carta de motivação
deve ser utilizado no corpo de texto. Um email sem conteúdo, sem assunto,
apenas com anexos ou com erros ortográficos não é muito profissional — os
candidatos devem lembrar-se de que estão a mostrar o melhor que sabem fazer.
Deve ser evidente no texto que houve cuidado na sua preparação, que é
endereçado à pessoa e/ou departamento corretos, que o campo “assunto” está
preenchido, que há elementos de identificação, que são referidas as
competências-base e, finalmente, quais as motivações.
É muito importante que seja explicado o motivo de uma
candidatura espontânea a uma determinada empresa — em muitos casos pode fazer a
diferença entre ser convocado ou não para uma entrevista (raramente é o facto
de os candidatos solicitarem ou não essa entrevista). Por exemplo, uma pessoa
que se candidata a uma empresa distante do seu local de residência deverá
explicar qual a sua motivação para realizar aquela mudança geográfica. Quando
não está justificado, significa muitas vezes que o próprio candidato não se
apercebeu (ou seja, não realizou o seu trabalho de casa), ou então está a
“atirar-se a tudo o que aparece”, sem critério. Um empregador dará melhor
pontuação a candidatos que ponderaram aquela decisão.
Os passos acima descritos devem ser repetidos para todas as
candidaturas a realizar, ou seja, cada novo empregador deve ser analisado,
evitando candidaturas desajustadas que farão perder o tempo de todos os
intervenientes. Isto implica que o texto de apresentação não seja apenas um
copiar-colar igual a tantos outros — é mesmo muito fácil de identificar. Nada
como reservar um ou dois parágrafos para falar do que se sabe sobre a empresa e
de que forma a pessoa pode contribuir para o futuro. Uma candidatura pode ser
espontânea, mas não deve ser impulsiva.
Pedro Almeida Maia
in jornal Açoriano Oriental, 6 de janeiro de 2021
Ver Original: https://www.linkedin.com/pulse/caros-candidatos-espont%25C3%25A2neos-pedro-almeida-maia/?fbclid=IwAR2esBy3caO-TRF-i_5O8JSAhnwBrFg6gQaZ-PUW7V0liGJtr3yMiu2QDtY
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