sábado, 9 de janeiro de 2021

"Caros candidatos espontâneos", por Pedro Almeida Maia

Com o início de um novo ano, sobretudo em contexto de crise pós-pandémica, é normal estabelecer-se objetivos de procura de trabalho, quer seja para melhorar a atual condição financeira, quer seja para sair de um contrato precário, ou mesmo do desemprego. Algumas organizações mantêm uma bolsa de candidatos espontâneos, à qual recorrem quando necessitam de preencher vagas. Esta filosofia difere de empresa para empresa, visto que se obtêm perfis demasiado díspares ­— há melhores garantias de atrair perfis adequados com um anúncio. No entanto, se o empregador não anuncia, os candidatos podem e devem socorrer-se da candidatura espontânea.

Para o candidato espontâneo, o mais importante será estudar o empregador. Perceber qual a sua política de trabalho, de que forma recruta e em que alturas do ano, se existem vagas abertas ou quando foi a última, e quais os critérios de seleção normalmente utilizados. Visitar o site e as redes sociais, ou abordar pessoas que lá trabalhem, são algumas das formas de o fazer, mas convém escolher criteriosamente os canais de comunicação — telefonar com insistência ou enviar mensagens invasivas são comportamentos que não favorecem nenhum candidato. Por exemplo, se a empresa tiver um formulário de candidaturas espontâneas no seu site, os candidatos devem optar por utilizá-lo, em vez de enviar o currículo por email.

 Porém, se for exigido enviar a candidatura por email, há que ter alguns cuidados. Por exemplo, pelo menos algum teor da carta de motivação deve ser utilizado no corpo de texto. Um email sem conteúdo, sem assunto, apenas com anexos ou com erros ortográficos não é muito profissional — os candidatos devem lembrar-se de que estão a mostrar o melhor que sabem fazer. Deve ser evidente no texto que houve cuidado na sua preparação, que é endereçado à pessoa e/ou departamento corretos, que o campo “assunto” está preenchido, que há elementos de identificação, que são referidas as competências-base e, finalmente, quais as motivações.

 É muito importante que seja explicado o motivo de uma candidatura espontânea a uma determinada empresa — em muitos casos pode fazer a diferença entre ser convocado ou não para uma entrevista (raramente é o facto de os candidatos solicitarem ou não essa entrevista). Por exemplo, uma pessoa que se candidata a uma empresa distante do seu local de residência deverá explicar qual a sua motivação para realizar aquela mudança geográfica. Quando não está justificado, significa muitas vezes que o próprio candidato não se apercebeu (ou seja, não realizou o seu trabalho de casa), ou então está a “atirar-se a tudo o que aparece”, sem critério. Um empregador dará melhor pontuação a candidatos que ponderaram aquela decisão.

Os passos acima descritos devem ser repetidos para todas as candidaturas a realizar, ou seja, cada novo empregador deve ser analisado, evitando candidaturas desajustadas que farão perder o tempo de todos os intervenientes. Isto implica que o texto de apresentação não seja apenas um copiar-colar igual a tantos outros — é mesmo muito fácil de identificar. Nada como reservar um ou dois parágrafos para falar do que se sabe sobre a empresa e de que forma a pessoa pode contribuir para o futuro. Uma candidatura pode ser espontânea, mas não deve ser impulsiva.

Pedro Almeida Maia 

in jornal Açoriano Oriental, 6 de janeiro de 2021

Ver Original: https://www.linkedin.com/pulse/caros-candidatos-espont%25C3%25A2neos-pedro-almeida-maia/?fbclid=IwAR2esBy3caO-TRF-i_5O8JSAhnwBrFg6gQaZ-PUW7V0liGJtr3yMiu2QDtY

Sem comentários:

Enviar um comentário