Também conhecida por Geração Y, ou mesmo Geração da Internet, define-se pelas ciências sociais como os nascidos entre 1980 e 1996, aproximadamente, e que cresceram rodeados de tecnologia, inovação informática, grande poder de compra, urbanidade e facilitismo. A Geração X (nascidos entre 1965 e 1979), à qual pertenço, alega dificuldade em integrar os Millennials no local de trabalho. Será mesmo assim?
Muitas empresas continuam a investir na atenuação de diferenças geracionais, tratando-as como um fenómeno isolado, mas há fortes indícios que desacreditam esta teoria. Uma meta-análise de David P. Constanza e colegas, publicada em 2012 no Journal of Business and Psychology, elegeu 20 de 265 estudos que envolviam quase vinte mil trabalhadores de quatro gerações. Concluíram não existir diferenças significativas na satisfação no trabalho, no comprometimento organizacional e na intenção de abandonar a empresa que pudessem ser explicadas pelas diferenças geracionais. Trabalhadores mais velhos mostraram uma satisfação com o trabalho ligeiramente superior à dos mais novos e tinham menor vontade de abandonar a empresa, mas esse resultado deveu-se à idade e ao tempo de serviço, não às diferenças geracionais. É expetável que um trabalhador ganhe autonomia e que o seu trabalho adquira significado com o passar do tempo — isso melhorará a sua satisfação no trabalho. Quanto ao comprometimento, não houve diferença significativa entre as gerações mais velhas e as mais novas. Estes resultados demonstram que as causas serão outras que não as diferenças geracionais.
Isto não quer dizer que os Millennials não trazem desafios. Há uma fatia desta geração com menor preparação prática, conhecimentos teóricos dispersos e baixa autonomia — áreas que necessitam de ser trabalhadas nas escolas (em especial a preparação prática nas escolas profissionais), nas universidades, mas também na educação em casa, que deve estimular a autonomia. Por outro lado, geralmente trazem curiosidade, pragmatismo e competências digitais, o que deve ser aproveitado. Mas atenção: estes jovens não são todos iguais. O ano de nascimento, por si só, não os define como pessoas. Têm individualidade e opções próprias.
Continuarão a existir choques geracionais, até porque o próprio conceito de trabalho evolui, mas isso não indica que a diferença seja significativa. Ao invés de um foco na geração X, Y ou Z — ou seja, num problema que na verdade não existe —, os gestores devem avaliar necessidades a nível individual (ou mesmo grupal) e basear as intervenções na informação obtida. Afinal, também a geração dos Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964) teve dificuldade em integrar a minha geração no local de trabalho, simplesmente por trazermos inovação, e será igualmente desafiante integrarmos a Geração Z, a Geração Alpha e as seguintes, não por serem gerações diferentes, mas por serem indivíduos diferentes.
in jornal Açoriano Oriental, 20 de janeiro de 2021
Ver Fonte: https://www.linkedin.com/pulse/millennials-um-n%25C3%25A3o-problema-pedro-almeida-maia
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