domingo, 7 de fevereiro de 2021

“Lealdade no âmbito das organizações”, por João Enes

A importância da lealdade no dia-a-dia, levou-me a partilhar algumas reflexões sobre este assunto, ajustando-o à realidade organizacional. Não entrando nos aspetos técnicos do funcionamento das organizações, todos temos a noção de que quanto mais satisfeitos, envolvidos e motivados para os resultados estratégicos da organização, mais consistente será a fidelização de cada colaborador.

Os colaboradores são leais à organização quando se sentem bem e quando se identificam com esta. Nesta ótica, o que significa lealdade às hierarquias e confiança nestas? Significa uma relação win-win. Ou seja, uma relação em que ambos ganham, o que nem sempre é um processo simples, porque as incertezas, as exigências e o facto de estarmos perante uma relação com níveis de poder diferentes tornam, por vezes, esta relação mais complexa. Para a hierarquia, é desejável ter colaboradores cuja confiança seja acima da média, cuja lealdade permita à hierarquia delegar e apoiar. Isto é, desenvolver as suas competências na função mas, simultaneamente, defender e promover os seus colaboradores.

A lealdade de um colaborador deverá ser para com a organização. Contudo, as organizações são constituídas por indivíduos e grupos, sendo o trabalho em equipa condição fundamental para o bom ambiente e para o sucesso na execução das tarefas e atividades que são atribuídas, pelo que a lealdade e o compromisso com valores da organização deverá ser a primeira regra.

O poder, a ética, a lealdade ea fidelidade, convivem todos os dias nas organizações onde, por vezes, a necessidade imperiosa de sucesso e poder de alguns indivíduos, que tudo fazem para obter esse poder, geram ambientes antagónicos, o que poderá condicionar o processo de alinhamento estratégico. Então o que é desejável? Antes de mais a credibilidade, transparência e rigor são factores de êxito.

Procurar ter lideranças, cuja capacidade de adaptação, de foco nos objectivos e nas premissas base da organização, possibilitam a implementação de estratégias de modo sustentado. De igual modo ter colaboradores informados, motivados e com elevado grau de compromisso, que participam, que tem possibilidade de ser/ter voz ativa dentro das organizações, fomentará a estabilidade e o crescimento da instituição. Estes até podem ser "inconformados", desde que exista o entendimento de que esta postura não é contra os valores e princípios da organização, mas sim que pode trazer valor e abertura para olhar um assunto numa perspectiva diferente.

Este "inconformismo" não deve ser confundido com a insatisfação do colaborador que considera que está tudo mal. Acontecendo isto, deverá ser uma preocupação da hierarquia compreender os motivos desta insatisfação e efectuar propostas de melhoria para envolve-lo. Se ele será leal? Bom, esse é o grande desafio.

Por vezes, confunde-se iniciativa com intromissão/ambição. Acaba por ser um conflito de egos na verdade, pelo que, não são só os colaboradores, que devem estar orientados para os objetivos e cultura da empresa. O líder também tem de estar e compreender a dinâmica da organização.

Só com colaboradores leais é que uma organização consegue crescer, consolidar e manter um plano estratégico sustentado a médio e longo-prazo.

João Enes

Mestre em Gestão Pública

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